terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Poesia para ele

Já escrevi sobre nós dois em episódios turbulentos nem tem tanto tempo. E quando a gente se conheceu éramos outros, em outro momento. // Foi num churrasco, a três quilômetros de onde eu morava e a bem uns trinta do lugar onde ele vive ainda. Havia pessoas estranhas que eu jamais conheceria, mas logo que eu o avistei... Meus olhos sentiram vontade de seguir seus passos. E ele estava se movimentando... De mesa em mesa, conversando com os amigos, sempre atento, percebendo o meu olhar. Neste evento, que está a completar dez anos, cheguei sorrateira, de cabelos tingidos, cobre era a cor, vestido era assimétrico, o rabo era de sereia. Não era a convidada. Fui acompanhada de uma prima mineira, e agora quando escrevo, me recordo de que a vida é um sopro, sua alma já vagueia pelo universo. Hoje, a tarde está nublada; fevereiro. Naquela noite, a chuva caía; março. Ele e eu nos aproximamos no final da festa. Dava para notar como eu o encarava e numa sacada genial dele, veio o convite para uma bebida e uma dança lado a lado. Porém fui tímida, não dancei.
Apenas aceitei o copo e depois fomos para a roda dele sentar e escutar conversas. Ele esperou a hora certa para me beijar. E a dona da festa não aguentou ao ver; mal esperou a ocasião de berrar. Seu berro até hoje ecoa, à toa. Nós dois nascemos para nos olhar e nos admirar. E a distância que ainda nos separa, de uma casa a outra, é a principal barreira que nunca deixará uma tempestade nos desabar, nos levar ou nos separar. Porque é isso... Esta estrutura rígida, este bloco... o nosso pilar. //

sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

JANOS vimos, vemos e veremos em 2024

Janeiro chegou e com ele vem à tona a figura de Jano ou de Janus, que significa o deus romano das mudanças e transições. Jano tem o poder sobre todos os começos. Ele é associado aos portais de entrada e de saída, bem como às transições. Sua face é dupla e assim também simboliza o passado e o futuro. Grande deus dos inícios, das decisões e das escolhas. O maior monumento em sua homenagem fica em Roma e tem o nome de Iānvs Geminus ("gêmeos Jano"). A este poder, o número "8" se dá. E eis que o ano de 2024, ao ser somado, torna-se oito. Jano está mais do que nunca manifestado.
De fato, janeiro é o mês inicial, primordial, pertencente e responsável a tudo o que ficou para trás e a tudo que virá a frente. Refletimos e olhamos para o que passou, das chegadas até as partidas, dos lucros aos prejuízos, das nascentes e secas, das alegrias e tristezas, dos passes e impasses, das farturas até as migalhas, da miséria de sermos o que somos e da volúpia de querermos o que temos e o que não temos, dos temores, às temeridades. Janeiro das cores, sabores, calores, amores, luzes, breus e tempestades. Perdemos, ganhamos, recebemos convites de todos os tipos ... velórios, casamentos, aniversários, empregos, viagens, atrações das mais diversas... E poucas vezes olhamos com olhos de Janos.
Para frente e para trás. Mal olhamos. Só escutamos e acenamos positivamente ou negativamente em vista dos acontecimentos. Vista essa, feita por sentidos que não os olhos, mas o coração. E pelo coração percebemos o poder e a falta de poder que a vida nos impõe. //////////////////////////////////// São dois mil e vinte e quatro pesos e levezas ao caminhar até aqui. /////////////////////////////////// Sejamos então, a partir de Janeiro, mais visão. Mais atenção. Mais comunicação. Mais emoção. Mais razão. Mais ação. Menos paralisação. E... Apesar da exaustão... Iniciemos o ano sabendo que temos a obrigação da continuação.

segunda-feira, 11 de setembro de 2023

ELOGIO ÀS LOUCURAS

Diana e Pedro saem há quase dez anos. Sim, eu disse dez. Sim, você leu dez. E durante todos esses anos, desde a primeira vez que se viram, desde o primeiro churrasco, até todas as saídas para a praia, piscina, sauna, barzinhos, cinemas, sempre foram apaixonados. A Diana e o Pedro de repente ficaram mais assanhados, querendo novas aventuras, novos desafios, optando por fazer amor em outros cenários; ele usando o bom e velho jeans com camisa preta, ela, se vestindo de periguete fina, de classe alta, com um certo ar de devassidão e depravação, típicos e propícios aos novos ambientes que escolheram para circular. Lascivas noites de sexta-feira. Um belo dia, Diana, que frequentava o apartamento de Pedro e que via constantemente por lá, o seu criado Anselmo, um mulato favelado, que mal falava o português, balbuciava palavras despontuadas e se insinuava com trajes provocantes; enfim, Diana fez graça com o rapaz, soltou elogios a seus pés calejados e meio sujos, descalços a caminhar pela sala. Também ficou a reparar em sua camiseta e shorts curtos, que Anselmo costumava trajar dentro da casa de Pedro. Não passava de um criado, bem mal criado, um serviçal banal, despreparado e abusado, que se aproveitava da generosidade e da camaradagem de Pedro. Este, por vez, não gostou da gracinha nada engraçada que fora solta ao vento por sua Diana. Não poupou esforços para fazê-la compreender que nível social é uma coisa que não deve ser misturada; baixo nível é um perigo e pode matar qualquer relação. Equilíbrio e dosagem... Alerta! Sabedoria para separar aquilo que se come em casa e fora de casa. Diana fez que entendeu e não tocou mais no assunto, nem ousou reparar nos shorts curtos de Anselmo. Até que, passados alguns meses, o casal resolveu sair à noite e chamaram uma outra moça para fazer-lhes companhia até uma casa de dança. O tratado era antes parar num bar, comer um petisco e beber uns chopes. Chamaram um táxi e lá se foram Diana, Pedro e Anselmo ao encontro de Ingrid. Porém, antes do táxi chegar, Diana deslizou na imaturidade ou no tesão repentino e teceu elogios a Anselmo. Chamou o matuto de cheiroso e gostou do figurino "a la garoto de programa" que o rapaz colocou para se jogar na noitada. Pedro já não gostou. Sentiu a dor do ciúme em silêncio. A dor de ter sido desrespeitado dentro de seu lar, um doce e envolvente lar. Anselmo usava o perfume que Pedro havia dado de presente a ele por serviços "um tanto quanto" mal prestados. Mas Pedro era legal e sabia presentear. O relógio bateu nove horas e os três desceram para pegar o táxi. Dentro do veículo, Pedro perguntou se o seu cheiro também estava bom e Diana respondeu que sim, mas que estava muito fraco em relação ao de Anselmo. Pedro, por sua vez, se sentiu ofendido pela companheira Diana não ter tido a sensibilidade de elogiar igualmente o seu perfume. Anselmo então, percebendo o constrangimento que fora ali criado e causado por ele mesmo, resolveu soltar uma de suas pérolas dizendo que na festa de aniversário de seu patrão, o Pedro, ele poderia pegar emprestado dele o tal perfume. Revelou-se um enorme climão. Mas, seguiram a rota até o bar onde estaria Ingrid. Lá chegando, Ingrid os recebeu numa mesa na parte interior da casa, pois o local parecia ser mais aconchegante e menos barulhento do que do lado de fora. Diana ficou estimulando e torcendo para que Anselmo e Ingrid se entendessem como casal. A ideia era que do bar todos se encaminhassem para a casa de dança, mas que se misturassem numa grande nuvem de corpos, entrelaçados e enroscados, tanto na pista de dança quanto pelos corredores da tal casa. Não foi o que ocorreu. Anselmo quis exclusividade com Ingrid e ficou irritado quando Pedro se esfregou em Ingrid a pedidos de Diana, a caçadora. Pois bem, Pedro e Diana se afastaram do novo casal de pombinhos, Anselmo e Ingrid. Na bancada do bar, Diana revelou a Pedro que se ele poderia se insinuar e se esfregar em qualquer mulher ali, que ela também deveria ter o mesmo direito, a começar por Anselmo, de preferência passando a mão em seus glúteos. Pedro, por sua vez, ficou furioso, afinal de contas, Anselmo era o seu criado e pagava um bom dinheiro para ele o acompanhar e o servir, mas nunca para dividir a cama com a sua namorada. Diana ameaçou terminar e Pedro deu um ataque, correu para o banheiro para se restabelecer emocionalmente. Quando saiu do toalete, Pedro avistou na pista de dança Diana e Ingrid juntas. Ambas pareciam estar aguardando a sua chegada. Mas Pedro, num ato de ira, berrou com Ingrid que Anselmo não era seu amigo e sim, seu empregado e que pior, a sua namorada Diana, estava querendo dar uns pegas no Anselmo. Dali pra frente foi só vexame. Pedro saiu de perto das duas e foi dançar sozinho; subiu e tropeçou num tablado para depois cair com as pernas esticadas pra cima. Diana e um segurança da casa de dança puxaram ele do tablado. Houve uma enorme confusão e outros homens tentaram conversar com Pedro para entender o que estava acontecendo, enquanto Diana caminhava e o deixava para trás. Eis que Anselmo aparece do nada para falar com Pedro e Pedro enxota Anselmo dali gritando: - Cai fora! Não se viu mais Anselmo. Muito menos Ingrid. Diana e Pedro, minutos depois voltaram a se entender. Passaram o restante da noite se amando e se entrelaçando com outras pessoas da casa. Saíram de lá somente ao amanhecer. Dormiram juntos e terminaram juntos. Só não podemos falar o mesmo sobre Anselmo, o insolente e sobre Ingrid, a inocente. Um novo dia começou e por causa de infelizes elogios, o cenário inteiro mudou e Pedro dispensou os desserviços de Anselmo. Este último, voltou a ser o que nunca deixara de ser: insignificante. E que, de agora em diante, ao elogiar qualquer pessoa, sejemos mais cautelosos. Um elogio mal direcionado pode ferir sentimentos. E um empregado aproveitador pode tirar a paz de seu patrão, mas nunca a razão.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Pirando totalmente na internet e na nossa quitinete

Todo mundo anda "pirando na batatinha" e subindo pelas paredes nesta quarentena? É o que parece, pois o homem e a mulher são seres que não nasceram para permanecerem isolados. Alguns até podem optar por isso ao longo da vida e daí viram monges, padres ou freiras. Só que a grande maioria é acostumada a viver em conjunto, assim como alguns animais selvagens também vivem em bando. O mais incrível é que existem em maior número animais que se conformam com a solitude. Em menor escala vem a raça humana, tanto que o maior castigo de um prisioneiro é ser transferido para a cela solitária. Mas o que nos faz pirar além da solidão é justamente o momento em que nossos aliados, os aparelhos eletrônicos, pifam nos deixando atormentados e atordoados. Nessas horas, ficamos bastante irritados e se a demora no conserto do aparelho for maior do que o nosso limite de espera... Haja calmante para ativar o modo paciência, pois estamos completamente dependentes destas máquinas caducas e irritantes.

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Aberta a temporada de livros de inverno

Com a chegada do inverno de 2019 resolvi explorar esse L-A-R outrora tão abandonado. Para reinaugurar a casa, decidi iniciar essa estante de vendas virtual ou itinerária, percorrendo caminhos até chegar em você a entrega de meus "papiros", manuscritos...; brincadeira, não são papiros, são meus livros! Os exemplares vão custar de 1 a 9 reais. Apenas isso! Nenhum chega a 10 reais! É pegar ou largar! Para pegar, só combinar comigo. Posso lhe entregar pessoalmente no Centro da cidade do Rio de Janeiro em local público, de preferência, no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), ou também poderei enviar pelo correio. Para largar, não há o menor problema, outro lerá em seu lugar! Logo mais colocarei a listagem completa dos pequenos e grandes livros! É uma vastidão de temas que agradará a todos os olhos e mentes bem abertas ao novo e ao velho pensamento! Fiquem ligados e obrigada pela sua visita!